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Nova concessão das barcas pode aumentar oferta de horários em Cocotá e Paquetá

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Edital em elaboração prevê uso de barcas menores e mais horários

or Renan Almeida

26/03/2017 4:00

 

Reduzido drasticamente nos últimos anos, o serviço de barcas na Ilha do Governador ainda tem futuro incerto, mas uma oportunidade de mudança começa a se desenhar. Na última terça-feira, a Secretaria Estadual de Transportes (Setrans) organizou a segunda audiência pública para discutir o novo modelo de concessão para o transporte aquaviário dentro da Baía de Guanabara — depois que a CCR Barcas pediu a rescisão contratual. O edital em elaboração prevê a continuidade da operação entre Praça Quinze e Cocotá e inclui dois instrumentos que podem melhorar a oferta do serviço aqui: o Índice de Atendimento da Demanda (IAD) e a possibilidade de utilizar barcas menores.

O secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira, garante que, se a demanda aumentar, a concessionária terá que oferecer mais viagens:

— Estado e prefeitura têm que trabalhar lado a lado para aumentar as ofertas de conexão e assim gerar a demanda que Cocotá precisa (para ter mais viagens). Se os passageiros chegarem a Cocotá, a concessionária deverá aumentar os horários. Isso porque o novo critério de atendimento, que estará especificado no edital, forçará a concessionária a fazer isso.

O item em questão é o IAD, que mensura a capacidade de atendimento da demanda a partir da oferta de lugares disponíveis, de forma a limitar o tempo de espera. É calculado pela divisão do total de passageiros que passaram nas catracas pelo número total de lugares ofertados durante determinado período. Se o número de lugares for inferior ao de usuários, a concessionária deverá aumentar a oferta.

Atualmente, segundo o secretário, a média de ocupação nas barcas da Ilha é de aproximadamente 30%. Ele argumenta que a baixa demanda foi responsável pela diminuição no número de viagens. Em cinco anos, o corte foi de 75%: em 2012 eram feitas 24 travessias diárias; hoje, são só seis.

Segundo Vieira, ao longo desses anos o passageiro desinteressou-se pelo transporte via barcas. Um dos motivos seria o fato de a revitalização da Praça Quinze ter afastado pontos de ônibus da estação. Outro é a reduzida oferta de ônibus até a estação de Cocotá.

A Secretaria municipal de Transportes (SMTR) informa que vai avaliar a possibilidade do aumento da oferta de linhas de ônibus até o bairro.

 

 

Outra alternativa prevista no edital para aumentar a taxa de ocupações e diminuir o custo de operação é a utilização de embarcações menores, com 120 lugares e ar-condicionado. Atualmente, o menor catamarã que opera em Cocotá tem capacidade para 482 passageiros.

A Secretaria Estadual de Transportes aposta ainda na possibilidade da municipalização da operação das linhas para Cocotá e Paquetá. A Secretaria municipal de Transportes, no entanto, ainda estuda a proposta.

 

Moradora da Ilha, a jornalista Thais Campos afirma que o estado deveria zelar pelo interesse público e garantir mais horários à população, ainda que a demanda não seja suficiente para encher as embarcações:

— Mesmo no rush, a barca não fica lotada porque a população na Ilha é muito menor do que a de Niterói. Mas cortar horários é ignorar totalmente o interesse das pessoas que moram aqui. É um absurdo porque na Ilha os ônibus são precários. No mínimo, deveria haver mais horários e barcas mais novas.

A aposentada Telma Rosa, moradora há quase 40 anos, sente diariamente a piora do serviço. Segundo ela, está muito mais complicado se locomover dentro do bairro e para o Centro. Ela acrescenta que, nos fins de semana, a situação é dramática: as barcas ficam inoperantes e quase não há ônibus.

— O transporte público é muito ruim na Ilha. O ônibus não passa, não tem mais barcas, a condução está escassa. Num fim de semana, já fiquei até uma hora e meia esperando no ponto. E não tem outra alternativa — diz.

Desde novembro, só há saídas para a Praça Quinze às 7h, 8h e 9h20m. Em direção à Ilha do Governador, os horários são: 17h30m, 18h40m e 19h50m.

 

 

Na última terça-feira, Camila Gomes e sua tia Margaret Cabral, que veio de Recife, se depararam com os portões fechados na entrada da estação. Frustração para Margaret, que estava animada para um passeio pela Baía da Guanabara.

— Que decepção. Vou voltar para Recife sem pegar a barca — disse.

A sobrinha Camila emendou a queixa:

— Quando preciso de um bom transporte, não tenho.

 

Os problemas da mobilidade na Ilha do Governador não se resumem à falta de transportes aquaviário e rodoviário. As bicicletas também buscam espaço. Em resposta à reportagem sobre ciclovias publicada em fevereiro no Caderno-Ilha, a CET-Rio vistoriou o Anel Cicloviário e definiu que um projeto de sinalização vertical será desenvolvido para o local.

— Os técnicos chegaram de carro, e sugerimos que a vistoria fosse feita pedalando. Concordaram, e percorremos toda a extensão do anel. No final, comprometeram-se a fazer um projeto piloto para rever os pontos críticos e a pensar soluções. Na Praia da Bica, por exemplo, foi discutida a possibilidade de colocar a ciclovia em apenas um lado da via, porém mais larga e segregada — anuncia Luan Ferreira, fundador da Associação de Ciclistas da Ilha do Governador (Acig).

Em relação ao afastamento da estação da Praça Quinze dos pontos de ônibus, a CET-Rio informou que os pontos estão localizados o mais próximo possível do previsto no atual desenho urbano do entorno da praça.

 

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/nova-concessao-das-barcas-pode-aumentar-oferta-de-horarios-em-cocota-paqueta-1-21111942#ixzz55jtqB3i8 stest

Imagens anexadas na notícia:

Nova concessão das barcas pode aumentar oferta de horários em Cocotá e Paquetá

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